quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Seu Biso.

Olá Filha!

Escrevo isto para você em um momento muito triste de minha vida e de toda a nossa família, mas eu não poderia deixar de alguma maneira, tentar homenagear e poder lhe contar sobre o meu amado avô.

Nosso Pedrão, o seu biso, partiu.

Garanto que por ter sido um homem bom, um pai bom e um marido amante e amado, está em um lugar bom também, hoje ele está ao lado do Mestre, em uma nuvenzinha bem parecida com aquela em que você morava antes de descer para a sua segunda casinha aqui com o papai e a mamãe.

Fica a saudade.

Penso que eu poderia até ter convivido mais ainda do que convivi com um homem igual ao seu bisavô.

Fica a alegria.

Alegria de ter lhe apresentado a ele, ter colocado você em seu colo no meu primeiro dia dos pais - por ironia, o último dele aqui embaixo conosco - e dele brincando com você e como falava para a bisa o quanto você é linda e quanto ele adorou ter lhe conhecido.

Você não apanhou (no bom sentido, pois o Pedrão era um gozador filha) de bengala dele como eu apanhei nas vezes que bagunçava a mesa ao lado dele no almoço, era engraçado demais.

Você não o viu, em todo o natal, escrevendo sem ninguém ver (ou melhor, todos viam, mas ninguém falava) um nome qualquer em um papelzinho e fingindo engolir, como em desenhos animados e nem viu o Pedrão tentando agarrar e beijar a bisa a força e ela, toda envergonhada, se esquivando dele!

Para o corintiano Pedrão, todos os jogos que o nosso São Paulo ganhava eram roubados, filha. Ele odiava o Rogério Ceni, mas foi com ele e com seu avô que assisti o nosso São Paulo ser campeão da Libertadores de 1992.
Mas o amor dele era mesmo o Corinthians, como ele amava este time!
Lembro em um aniversário dele em que comprei uma camisa do Corinthians de presente e na mesma loja, comprei uma do São Paulo para mim, mandei embrulhar as duas, filha. E na hora do presente, lhe dei a do São Paulo, nossa, como ele ficou bravo, jogou minha camisa no lixo e por pouco não fico com uma camisa novinha, rasgada.

Foi com o seu bisavô que andei de metrô pela primeira vez, aliás, todo final de semana.
Ele e a bisa moravam na rua do recém inaugurado metrô Belém, e antes do almoço de domingo, enquanto ela fazia a macarronada eu e o Pedrão tínhamos compromisso: Andar de metrô.
Ele adorava me ouvir falando Pedro “um”, era como eu lia o nome da estação quando chegávamos na estação D. Pedro I.

Lembro de meu primeiro carro, um escortinho, velhinho, que me deixava na mão quase sempre, e só não quebrava quando estava no mecânico, mas era meu, e nele, eu parecia dirigir um BMW, tinha rodas de XR3, um Pioneer que muito carro zero de pelego não tinha, e o meu carona que ia a todas as lojas comigo, (corajoso hein?) era o Pedrão!

Vejo, como se fosse hoje, a cara de reprovação dele quando viu as palhetas cromadas que coloquei no carro, ele disse:
“Foi colocar esta porcaria que não limpa nada, não sei pra que inventar...”

Este era o seu bisavô, filha, um bom filho, um trabalhador incansável, um professor e um desenhista excelente e um Vovô de mão cheia!

Sei que não termina aqui, sei que logo mais estaremos juntos de novo.

DEUS o abençoe em sua nova casa, meu avô.

Saudades,

Seu neto.

2 comentários:

  1. ze...tio do guerdo tio avo da guerdita1 de novembro de 2011 às 00:43

    o amor é para sempre.. guerdo...e nada muda isso..mesmo morando em outra casa.. ele sempre vai amar vcs.... é dificil..entender os caminhos de Deus.. quem sabe um dia ainda vamos entender. isso que vale na vida..são sentimentos ,lembranças, saudades das pessoas amadas...Deus esteja sempre presente em sua familia. aneçoando vcs...bjs tio...

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  2. Pois é, Zé.
    Apesar de sabermos, somos egoístas demais em querer que as pessoas sejam eternas né?
    Mas agora ele está bem. Andando, forte, falando e respirando sem nenhum daqueles tubos para atrapalhar, não é?
    Dia desses, quando terminarmos nossa missão aqui, nos encontramos lá em cima, de novo e de novo, e de novo....
    Abração e até sábado - Estou com saudade de você locão!
    Beijos, Roso.

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